Perspectivas animadoras para o futuro dos Açores

Gostei muito de ouvir o Presidente do Governo da nossa Região Autónoma, José Manuel Bolieiro, falar com tanta convicção das perspectivas animadoras que estão diante dos olhos de todos nós quanto ao futuro dos Açores.

Foi na sexta-feira passada, ao fim da tarde, na inauguração, no Centro Comercial Solmar, na Avenida Infante Dom Henrique, do Centro Internacional de Negócios e Investimentos dos Açores, feliz iniciativa de José Miguel Bettencourt, jovem jurista lagoense, há muito implantado e com sucesso em Lisboa, agora comprometido em estender a sua actividade às nossas Ilhas, esperemos que com bons resultados também.

Para José Manuel Bolieiro, os caminhos do nosso futuro não se limitam à agro-pecuária, às pescas e ao turismo, áreas onde aliás os nossos créditos estão firmados e que têm evoluído nos tempos mais recentes em termos apreciáveis, com dificuldades, é óbvio, dada a incerteza do período que corre, no rescaldo de um a pandemia e agora com uma guerra a sério e as consequências trágicas de um terramoto devastador em pleno solo europeu, mas também com eficácia e benefícios para os empresários e trabalhadores daquelas áreas, tal como com reflexos positivos na economia regional.

Apesar de continuarem a pesar sobre nós alguns indicadores sociais e de desenvolvimento humano muito negativos, que a todos nos chocam e preocupam, o certo é que temos agora mais gente empregada do que nunca e a taxa de desemprego é a mais baixa de entre as diversas regiões estatísticas do nosso País. Estes dados merecem ser realçados, para nos darem ânimo perante os problemas derivados da alta do custo de vida, que estão a sentir-se, generalizadamente, nos Açores.

No discurso optimista e mobilizador de José Manuel Bolieiro são sublinhadas as novas áreas de actividade económica, proporcionadas pelo conhecimento e pela ciência, no tocante aos sectores tradicionais e ainda no aproveitamento da nossa enorme ZEE e do Espaço sobre o Oceano Atlântico, ao qual a nossa invejável situação geográfica nos dá um acesso privilegiado e único. Implícito fica um apelo ao maior envolvimento da Universidade dos Açores, a cuja existência a Região já tanto deve, mas dela se espera sempre mais, atitude governamental a traduzir em maiores apoios à dita Instituição.

Estas novas perspectivas de desenvolvimento têm uma projecção imediata sobre o mercado do trabalho, exigindo pessoas mais qualificadas, às quais se paguem salários mais elevados. A nossa economia tem de abandonar quanto antes os esquemas produtivos assentes em salários baixos e ainda por cima agravados com condições de precariedade laboral! A estas acresce o aproveitamento ilegítimo de certas empresas dos programas públicos de criação de empregos, fazendo rodar estagiários, que ao fim de seis meses são despedidos e substituídos por outros novos, em vez de se admitirem, para o desempenho das tarefas correspondentes, com carácter permanente, aqueles que se mostraram hábeis para a função. Convém muito que as autoridades de fiscalização pública abram os olhos para pôr termo a tais abusos!

Ao apontar para os caminhos novos que se estão abrindo para a nova geração açoriana, e para quem para cá quiser vir trabalhar, dando resposta às tão propaladas faltas de mão de obra, José Manuel Bolieiro sublinhou os incentivos existentes ao investimento produtivo, dos quais se destaca a mais baixa tributação dos rendimentos, sejam individuais ou empresariais, em confronto com a situação do resto do nosso País. Este é um expressivo feito do Governo de Coligação liderado pelo nosso Presidente, do qual aliás o próprio muito justamente se orgulha!

Intervindo na mesma ocasião, o Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nacimento Cabral, fez também menção expressa aos diversos incentivos ao investimento, aprovados pela Vereação que lidera e em vigor no âmbito concelhio. Estes benefícios acrescem aos mencionados por José Manuel Bolieiro e aos outros também vigentes, sejam de procedência nacional ou europeia. Quanto a estes últimos é de salientar a largueza com que a União Europeia enfrenta as peculiares desvantagens das Regiões Ultraperiféricas (RUPs), fruto de um trabalho empenhado, levado a cabo nas primeiras décadas da nossa Autonomia Constitucional, visando a definição de uma Política Europeia para as Ilhas mais remotas e desfavorecidas, da qual continuamos a beneficiar e se tem traduzido numa verdadeira cornucópia de fundos comunitários vazada sobre os nossos Açores, tal como sobre as outras RUPs nossas parceiras.

Com o entusiasmo do Presidente José Manuel Bolieiro bem podemos ir em frente, arrostando com os problemas que indubitavelmente afectam uma parte significativa da população açoriana, para a qual o Governo Regional definiu para o ano em curso diversos instrumentos de apoio específico. E junto com isso vamos tendo escolas e hospitais a funcionar tranquilamente, enquanto o caos parece dominar no antigamente chamado entre nós “reino”, de onde de vez em quando nos vinham os “reinóis” visitar, em exercício de afirmação de soberania, o que aliás continua a acontecer e até cada vez com maior frequência e mais grandiloquentes anúncios, infelizmente em boa parte das vezes de todo inconsequentes.

João Bosco Mota Amaral

(Por convicção pessoal, o Autor não respeita o assim chamado Acordo Ortográfico.)